terça-feira, 19 de março de 2013

Gustavo - Os filósofos da renascentistas


Nicolau de Cusa

Nicolau Krebs nasceu em 1401 em Cusa, de família modesta. Foi educado junto dos Irmãos da vida comum em Deventer, onde sofreu a influência do misticismo alemão; em seguida estudou na Universidade de Heidelberg, foco de nominalismo, e na de Pádua, onde aprendeu a matemática, o direito, a astronomia. Ordenado padre, teve parte notável no concílio de Basiléia (1432); foi, a seguir, legado pontifício, cardeal, bispo. Viveu seus últimos anos na Itália, onde faleceu em 1464.
As obras fundamentais de Nicolau de Cusa são três: De docta ignorantiaDe conjecturisApologia doctae ignorantiae. As fontes prediletas e principais são o misticismo alemão (Mestre Eckart), o platonismo e o neoplatonismo cristão (Santo Agostinho, Pseudo Dionísio, Scoto Erigena, São Boaventura), e os autores de tendência neoplatônica, em geral.

Bernardino Telésio

Mais claramente manifesta-se o imanentismo da Renascença - em seu aspecto naturalista - em Bernardino Telésio . Nasceu em 1509 em Cosenza, estudou especialmente em Pádua e faleceu em 1588. A sua obra fundamental é De rerum natura iuxta propria principia. O pensamento de Telésio representa uma sistematização do naturalismo da Renascença: a saber, uma tentativa para explicar a natureza mediante os princípios universais imanentes à mesma natureza.
     O mundo natural é constituído de matéria e de força. A matéria é homogênea, preenche o espaço (que existe antes da matéria) e é por si mesma inerte. A força anima, penetra, move, transforma continuamente toda a matéria.
O intelecto é reduzido aos sentidos, bem como o conceito universal é reduzido à sensação. Como é naturalizado o pensamento, é também naturalizada a vontade, no sentido materialista e hedonista.
Entretanto, haveria no homem também uma alma que transcende a natureza e o mundo material, criada e infundida por Deus. Por conseguinte, o homem pode pensar e querer o supra-sensível, o eterno, e dominar com a vontade livre as tendências naturais. Desse modo, acima da ciência é posta e justificada a fé e a revelação.

   

Giordano Bruno

Giordano Bruno é a maior expressão do imanentismo renascentista. Nasceu em Nola em 1548, entrou na Ordem dos Dominicanos aos 15 anos. Acusado de heresia e afastado de sua ordem, iniciou uma vida giróvaga através da Europa. De volta a Veneza, foi processado pelo tribunal da Inquisição e reconheceu os seus erros. Entregue à Inquisição romana, foi de novo processado; mas, desta vez, recusou qualquer retratação e foi condenado à morte, que lhe foi infligida em 1600.
As obras principais de Bruno são: De la causa principio e unoDe l'infinito, universo e mondiEroici furoriDe immenso et innumerabilibus. As fontes de Bruno são: o monismo eleático e heraclíteo; o atomismo democríteo; o panteísmo estóico; o emanatismo neoplatônico; o naturalismo telesiano.
metafísica de Bruno é decididamente monista, pampsiquista e pan-materialista. A realidade é una e infinita, constituída por dois princípios fundamentais, ativo um - a alma do mundo -, passivo o outro - a matéria. São dois aspectos da mesma substância. A alma do mundo é concebida como sendo inteligente, ordenadora do mundo; mas não é transcendente, como o motor primeiro de Aristóteles e o Deus do cristianismo, e sim imanente ao mundo, de que é precisamente a alma. O Deus de Bruno é, pois, esta alma do mundo, concebida como imutável e infinita, gerando eternamente o mundo finito e que se acha em perpétuo vir-a-ser. As almas particulares não passam de individuações passageiras dessa alma cósmica. Acima desse Deus imanente, também Bruno afirma a existência de um Deus transcendente, apreendido só por fé, trata-se, porém, de uma fé imanente naturalista, bem diversa da fé cristã.
Com a metafísica de Bruno estão em conexão a sua gnosiologia e a sua moral. Na sua teoria do conhecimento Bruno distingue - neoplatonicamente - quatro graus, em ordem hierárquica ascendente. São eles:
  • os sentidos, cujo objeto é o sensível, e a verdade que manifesta é mera aparência;
  • a razão, mediante a qual a verdade é atingida por processo dialético, discursivo, sucessivo;
  • o intelecto, que tem a intuição imediata da verdade;
  •  a mente, que atinge a verdade na sua unidade e simplicidade absoluta.
            

Tomás Campanella

Tomás Campanella nasceu em Stilo, na Calábria, em 1568, e também ele entrou ainda moço na ordem dos Dominicanos. É o maior continuador de Telésio. Várias vezes processado por heresia, foi, porém, absolvido; entretanto, condenaram-no por motivos políticos e passou no cárcere 27 anos, sendo, enfim, libertado. Suas obras principais são: Civitas solisUniversalis philosophia seu metaphisicarum rerum iuxta propria dogmata partes tresDe sensu rerum et magia libri X.
As fontes principais do seu pensamento são: o naturalismo telesiano e o idealismo neoplatônico. Mais do que os pensadores precedentes, Campanella parece oscilar entre imanentismo e catolicismo, devido ao fato de que se acha ele já no clima espiritual da contra reforma católica. E como Giordano Bruno prenuncia a Spinoza, assim Campanella prenuncia a Descartes, Malenbranche e Leibniz, marcando destarte a passagem da Renascença à Idade Moderna.




Gustavo A. Perez
Número:8


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